BE02: Água
A utilização da água é ambientalmente responsável e socialmente equitativa
1. Ambição
Uma Empresa Future-Fit protege os recursos de água doce minimizando o consumo de água nas suas atividades comerciais e industriais, e garantindo que os seus efluentes não degradam a qualidade da água nas bacias hidrográficas de destino.
1.1 O que significa este objetivo
A água potável é essencial para a saúde das pessoas, nomeadamente para beber, cozinhar e garantir condições de saneamento. Através da extração excessiva de água, descarga de águas residuais poluídas ou alteração negativa das características da água retirada antes de a devolver à natureza, uma empresa pode comprometer a quantidade, qualidade e disponibilidade da água da qual dependem a flora, fauna e as comunidades.
A utilização responsável da água é uma questão complexa. Os impactos devem ser abordados ao nível local da bacia hidrográfica pois os sistemas podem ser afetados tanto pela remoção de água de uma área, como pela introdução de água adicional, pelas diferenças temporais entre extrações e descargas, e por alterações na qualidade da água e noutras características, como temperatura e níveis de pH.
As empresas devem garantir que a sua utilização de água não compromete a quantidade e a qualidade da água disponível para as pessoas e os ecossistemas que dependem das bacias hidrográficas em causa.
Para ser Future-Fit, uma empresa deve: (a) minimizar – e, em regiões com stress hídrico eliminar progressivamente – o seu consumo de água para fins industriais e comerciais;25e (b) assegurar que quaisquer descargas26 não degradam a qualidade dos corpos hídricos recetores, a saúde dos solos recetores ou, de qualquer outra forma, não causam danos a ecossistemas ou pessoas.
1.2 Porque é que este objetivo é necessário
Tal como todos os Objetivos de Limite Mínimo Future-Fit, este objetivo é essencial para garantir que a empresa não está a comprometer o progresso da sociedade rumo a um futuro ambientalmente restaurativo, socialmente justo e economicamente inclusivo. Para saber mais sobre a base científica destes objetivos — fundamentada em mais de 30 anos de ciência sistémica — consultar o Guia de Metodologia.
As estatísticas seguintes ajudam a ilustrar por que razão é crítico que todas as empresas alcancem este objetivo:
- O acesso a água potável é um direito humano fundamental, mas estima-se que 2,1 mil milhões de pessoas em todo o mundo não tenham acesso a água segura e prontamente disponível nas suas habitações. [37]
- A procura crescente, associada a alterações nos padrões climáticos, está a colocar reservas de água potável sob pressão crescente a nível global. Até 2050, estima-se que mais 1,8 mil milhões de pessoas possam viver em zonas com stress hídrico — mais 53% do que o número atual de pessoas que vivem nessas condições. [38]
- Isto tem implicações para os negócios. O Banco Mundial estima que a escassez de água potável poderá custar a algumas regiões até 6% do seu PIB. [39]
1.3 Como este objetivo contribui para os ODS
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas consituem uma resposta coletiva aos maiores desafios sistémicos do mundo, pelo que estão naturalmente interligados. Qualquer ação pode ter um impacto direto sobre alguns ODS e, indiretamente, sobre outros, através de efeitos de arrastamento. Uma empresa Future-Fit pode ter a certeza de que está a contribuir - e de forma nenhuma a prejudicar - o progresso em direção aos ODS.
As empresas podem contribuir para vários ODS, reduzindo o consumo de água e garantindo que a água descarregada não degrada a qualidade da água das bacias hidrográficas recetoras, e incentivando ativamente os seus fornecedores a fazerem o mesmo. Mas as ligações mais diretas em relação a este objetivo são:
| Ligação a este Objetivo de Limite Mínimo | |
|---|---|
| Apoiar esforços para alcançar o acesso universal a água potável segura e viável e a saneamento para todos, melhorar a qualidade da água através da redução da poluição, eliminação de despejos e minimização da libertação de substâncias químicas e materiais perigosos. Apoiar também o aumento substancial da eficiência no uso da água e a redução do número de pessoas afetadas pela escassez de água potável, garantindo extrações e fornecimentos sustentáveis. | |
| Apoiar esforços para alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais, bem como a gestão ambientalmente correta dos desperdícios, ao longo de todo o seu ciclo de vida. | |
| Apoiar esforços para prevenir e reduzir significativamente todos os tipos de poluição marinha. | |
| Apoiar esforços para garantir a conservação, restauração e utilização sustentável dos ecossistemas terrestres e de água potável interiores, bem como para combater a desertificação e restaurar terras e solos degradados. |
2. Ação
2.1 Por onde começar
Contextualização
As empresas, tal como as pessoas, os animais e as plantas, precisarão sempre de água para funcionar. A ambição aqui é eliminar o consumo de água potável associado a atividades comerciais e industriais em regiões com stress hídrico. Contudo, isto não significa que as empresas só devam operar em regiões com abundância de água, pois tal desincentivaria o investimento e as oportunidades económicas em regiões vulneráveis. Em vez disso, as empresas devem encarar este desafio como uma ambição de longo prazo, a ser prosseguida de forma contínua, através de um processo gradual de redução e melhoria, rumo a uma gestão responsável da água.
O primeiro passo de uma empresa no caminho para a sustentabilidade Future-Fit deve ser compreender os contextos hídricos das regiões onde opera, nomeadamente identificando o grau de disponibilidade de água potável, quanta água consome e de onde provém, que descargas realiza e onde estas acabam por ser libertadas. Com base nesse conhecimento, a empresa pode começar a explorar oportunidades de melhoria, aumentando a eficiência, ajustando procedimentos operacionais e incorporando inovações técnicas, bem como colaborando com outros agentes ao longo da rede de valor.
Perguntas a colocar
As seguintes perguntas ajudam a identificar as informações a recolher.
O consumo de água da empresa representa riscos físicos, regulatórios ou reputacionais?27
- Em cada região onde a empresa opera, que informação está disponível sobre a disponibilidade e as características das bacias hidrográficas locais? Sabe-se se estão sob stress hídrico?
- A empresa retira água diretamente de corpos de água superficiais ou de aquíferos subterrâneos? Se adquire água a um fornecedor externo, qual é a origem dessa água?
- Existem políticas públicas ou iniciativas relacionadas com a utilização ou consumo de água nessas bacias hidrográficas? A empresa toma medidas para garantir o cumprimento de todas as leis e regulamentos relacionados com a água nessas regiões?
- A empresa tem conhecimento dos outros utilizadores de água nas bacias hidrográficas relevantes, incluindo indivíduos, organizações e ecossistemas? Algum destes utilizadores está ligado à empresa (por exemplo, organizações que prestam serviços à empresa ou produzem matérias-primas utilizadas nos seus produtos ou processos)? Como se comparam as necessidades desses utilizadores com a disponibilidade de água? Existem variações sazonais significativas na disponibilidade ou na procura de água?
- Existe algum potencial risco reputacional em determinadas regiões devido à insuficiência de fluxos ambientais ou ao acesso inadequado a serviços de água por parte das comunidades locais? Existe risco de interrupção da atividade por falta de acesso à água? Como é que os riscos relacionados com a água poderão evoluir ao longo do tempo, em função de tendências demográficas, climáticas ou económicas da região?
As descargas de água da empresa representam riscos físicos, regulatórios ou reputacionais?
- A empresa descarrega água diretamente de volta para a natureza? Se sim, analisa as características da água antes da descarga, para garantir que correspondem de forma adequada às características do corpo de água recetor? Que processos de tratamento são aplicados?
- Quando as descargas de água são indiretas (ex.: geridas por terceiros como estações de tratamento de águas residuais municipais, infraestruturas públicas de esgotos ou prestadores privados de serviços de água), onde é que a água descarregada acaba por ser libertada? Que normas de tratamento são aplicadas previamente? Esse tratamento tem em conta o estado do corpo de água recetor ou do solo?
- Alguma das instalações da empresa produz outros tipos de desperdício líquido para além de efluentes e águas residuais (ex.: resíduos tóxicos gerados por processos produtivos)? Se sim, como é que esse tipo de desperdício líquido é tratado? Existe o risco de ser libertado sem tratamento adequado?28
Como definir prioridades
As seguintes perguntas ajudam a identificar e a priorizar ações de melhoria.
Quais são as melhores oportunidades para progredir?
- Quais são as instalações localizadas em regiões com stress hídrico? Destas, quais são as que captam mais água? Quais são as que consomem mais água?29
- Alguma destas instalações corre o risco de sofrer interrupções devido à indisponibilidade de água?
- Existem oportunidades para colaborar com grupos locais ou outras empresas na resolução de desafios hídricos partilhados?
A empresa já implementou metas e planos de ação para reduzir os impactos relacionados com a água?
- Se sim, os compromissos existentes são suficientes para alcançar a sustentabilidade Future-Fit? Qual é o prazo previsto para essa transição? Se os compromissos ou planos atuais não forem suficientes, como podem ser ajustados ou complementados?
- Se a empresa ainda não definiu metas para o consumo e as descargas de água, como poderiam essas metas ser estabelecidas? De quem seria necessária autorização? Quem precisaria de estar envolvido no desenho e implementação de mecanismos de controlo interno adequados?
Poderá a empresa ir além do exigido por este objetivo?
- Para além do necessário para atingir este objetivo, existem ações que a empresa possa realizar para garantir que a utilização da água é ambientalmente responsável e socialmente equitativa?30 Qualquer ação nesse sentido pode acelerar o progresso da sociedade rumo à sustentabilidade Future-Fit. Para mais detalhes, consultar o Guia de Ações Positivas .
A próxima secção descreve os critérios de aptidão necessários para determinar se uma ação específica resultará em progressos rumo à sustentabilidade Future-Fit.
2.2 Prosseguir rumo à sustentabilidade Future-Fit
Introdução
A avaliação da sustentabilidade de uma empresa tem por base o consumo e as descargas de água durante o período de reporte. Isto inclui o consumo e as descargas provenientes de qualquer edifício, ativo móvel ou departamento de serviços controlado pela empresa que utilize água.
Importa notar que, nos casos em que o consumo ou a descarga de água ocorra fora de um local fixo, poderá ser mais adequado avaliar este aspeto das operações separadamente (ex.: no caso de um serviço de lavagem de janelas, a extração de água e a eliminação da água utilizada poderão ser mais bem avaliadas departamento a departamento).
Diferenciação entre captação e consumo de água
Parafraseando as definições completas apresentadas noutra parte do documento, a água captada é toda a água retirada de uma fonte natural — como rios, lagos ou aquíferos. Depois de captada, a água pode ser devolvida à mesma bacia hidrográfica, evaporar ou ser desviada para outra bacia ou para o oceano. A água consumida é um subconjunto da água captada que não é devolvida à bacia hidrográfica de origem, de forma inofensiva. No contexto empresarial, isto inclui: água incorporada em produtos, culturas ou resíduos; água que evapora ou se perde (ex.: através de fugas) antes de ser descarregada; e água fortemente poluída (ex.: águas negras provenientes da descarga de sanitas).
Medição do consumo dentro da empresa
Quando não é claro qual a quantidade de água que está a ser consumida e qual a quantidade que está a ser descarregada de forma segura, cabe à empresa justificar qualquer alegação de que a água não está a ser consumida.
Por outras palavras, assume-se que a água captada é consumida, a menos que a empresa possa fornecer provas em contrário. Essas provas podem resultar de monitorização direta das descargas ou de uma declaração por parte de uma estação de tratamento externa, atestando os padrões que cumpre.
Orientações para a classificação do consumo de água comercial e industrial
O espírito deste objetivo é garantir o menor impacto possível na quantidade, qualidade e disponibilidade da água para as comunidades locais e os ecossistemas, tendo como ambição final alcançar um efeito nulo mensurável. Em regiões sob stress hídrico, isso traduz-se na exigência Future-Fit de atingir zero consumo de água potável no que diz respeito aos processos comerciais e industriais.
Diferenciar o consumo ‘comercial e industrial’ de outras formas
Não se espera que uma empresa a operar numa região com stress hídrico elimine a água consumida pelos seus trabalhadores para beber e para fins de saneamento. Tal implicaria negar aos colaboradores o acesso a uma necessidade básica (ver o Guia de Metodologia para mais detalhes).31 O foco está, sim, no consumo comercial e industrial - ou seja, água consumida durante os processos de fabrico, transporte e distribuição de produtos, ou na prestação e entrega de serviços.
Quando for possível medir separadamente o consumo pessoal, as empresas são encorajadas a fazê-lo. Em muitos casos, a água captada pela empresa será utilizada para fins mistos, não sendo possível rastrear com exatidão os volumes atribuíveis a cada uso. Nesses casos, as empresas podem estimar o consumo diário por pessoa dos seus trabalhadores. Essas estimativas podem então ser subtraídas ao volume total consumido nesse local, sendo o valor remanescente classificado como consumo comercial e industrial.
Estimativas do consumo de água pessoal dos trabalhadores
Existem muitos recursos disponíveis online com orientações sobre o consumo médio diário de água por parte dos trabalhadores, que as empresas são encorajadas a utilizar. Dada a variabilidade do consumo de água entre diferentes setores, regiões ou culturas, as empresas devem desenvolver estimativas adequadas à sua realidade específica. As premissas utilizadas nessas estimativas devem ser devidamente documentadas, para que os utilizadores dos dados possam comparar de forma útil o desempenho da empresa com o de outras.
Orientações para identificar a adequação das fontes de água potável
- Identificar quais as fontes locais de água potável utilizadas pela empresa.32
- Identificar ou determinar se cada uma dessas fontes se encontra sob stress hídrico.
Captação indireta (água adquirida a terceiros)
No caso de compras de água para fins comerciais e industriais, a empresa deve procurar compreender qual é a origem da água adquirida. Isto pode implicar contactar diretamente o fornecedor e realizar pesquisas documentais.
Importa salientar que este objetivo não se aplica a aquisições pontuais de água para uso dos colaboradores, como a compra de água para abastecer dispensadores em espaços de escritório.
Avaliação das zonas de stress hídrico
Uma empresa deve classificar uma localização como estando sob stress hídrico se se verificar uma das seguintes condições: [40]
- O stress hídrico de base, calculado como a captação total de água33/ dividida pela disponibilidade renovável, for superior a 40%.
- A disponibilidade anual de água potável renovável por pessoa for inferior a 17,000m3.
Existem várias ferramentas disponíveis para avaliar o contexto hídrico local.34 As empresas são livres de utilizar as ferramentas que considerem mais adequadas a cada localização, mas devem documentar qual o método utilizado e porquê.
Stress hídrico versus escassez de água
Importa notar que diferentes ferramentas de avaliação hídrica corporativa e iniciativas de gestão responsável da água podem ter definições ligeiramente distintas para stress hídrico e para o conceito relacionado de escassez de água. As empresas devem procurar compreender qual a definição utilizada ao escolher uma ferramenta, dado que não existe um consenso universalmente estabelecido. Este documento compilado pelo CEO Water Mandate pode ajudar a clarificar as diferenças na terminologia utilizada por vários grupos. [41]
Nota sobre a variabilidade sazonal do stress hídrico
Pode haver situações em que uma empresa opere numa região que apenas se encontra sob stress hídrico em parte do ano. Nestes casos, as empresas devem registar o consumo de água numa base mensal e determinar quais os meses que correspondem a uma situação de stress hídrico.
Orientações para identificar descargas líquidas
Ao identificar as fontes de descarga de água, as empresas devem alargar a sua avaliação para incluir cada uma das seguintes categorias:
- Descargas diretas: A empresa descarrega (com ou sem tratamento) desperdícios líquidos diretamente em cursos de água locais ou no solo.
- Descargas indiretas: O líquido descarregado é gerido por terceiros (ex.: estações de tratamento de águas residuais municipais, infraestruturas locais de esgotos ou prestadores privados de serviços de água), sendo posteriormente tratado (ou não) e devolvido à natureza (na maioria das vezes, a bacias hidrográficas circundantes).
- Outras formas de desperdício líquido: Podem incluir líquidos tóxicos ou não baseados em água, recolhidos para tratamento ou contenção, bem como águas residuais que são reutilizadas ou recicladas, e que, por isso, nunca chegam a ser libertadas de novo no ambiente.
Orientações para identificar características de descarga segura
Diferenças entre a água descarregada e o corpo de água recetor podem perturbar plantas e animais que nele habitam, ou afetar negativamente comunidades e ecossistemas que dependem desse corpo de água. Para minimizar essas diferenças, as empresas devem analisar e comparar várias caraterísticas da água que estão a descarregar com as do corpo de água recetor.
Determinar as características da água descarregada
- Identificar as características físicas (ex.: sólidos dissolvidos, sedimentos, temperatura), químicas (ex.: pH, concentrações de nitratos, cloretos, sulfatos) e biológicas (ex.: presença de bactérias, vírus) de todas as descargas de água.35
- Identificar os intervalos de tempo entre a captação da água e a sua descarga, e avaliar se esses atrasos podem afetar negativamente as quantidades de água (e, consequentemente, a sua disponibilidade) no(s) corpo(s) de água relevante(s).
Garantir que as descargas cumprem critérios de qualidade da água benigna
As empresas devem aplicar normas gerais reconhecidas sobre o que constitui qualidade de água benigna no tratamento das suas descargas de água.
Os Water Quality Criteria da EPA dos EUA oferecem três listas de categorias — vida aquática, saúde humana e efeitos organoléticos (ex.: sabor e odor) — que definem limites de aceitabilidade para garantir que as águas residuais descarregadas não têm impactos negativos nessas áreas. [43]
Os Water Quality Criteria da EPA representam um padrão mínimo recomendado que as empresas devem alcançar.36 No entanto, dado que as características e preocupações relativas à qualidade da água são altamente dependentes do contexto local, as empresas são incentivadas a colaborar com especialistas locais, entidades públicas, ONG ou comunidades para compreender os desafios específicos das bacias hidrográficas em que operam. Para compreender estas diferenças contextuais, as empresas são incentivadas a tomar os seguintes passos:
Identificar os corpos de água que, em última instância, recebem as descargas. Caso a empresa não trate diretamente da descarga de água, isto implica contactar o prestador de serviços de tratamento de águas residuais para obter informações sobre os pontos de descarga.
Identificar requisitos legais ou regulamentares aplicáveis à qualidade da água nas jurisdições em causa. As empresas podem também envolver partes interessadas locais, como ONG ou grupos académicos, para identificar preocupações relevantes de qualidade e os parâmetros associados.37
Obter dados sobre a qualidade da água dos corpos recetores e identificar os parâmetros críticos para esses corpos de água.38
Identificar parâmetros críticos com base nas diferenças entre as características da água descarregada e os dados relativos ao corpo de água recetor. Por exemplo, se um corpo de água recetor tiver um pH significativamente alcalino, a descarga de água com pH neutro pode constituir motivo de preocupação, mesmo sendo inofensiva noutros contextos.
Temperatura dos corpos de água recetores
Os requisitos da EPA dos EUA referidos acima incluem orientações sobre a temperatura nas descargas de água.39 [44] Estas orientações incluem resultados muito específicos de investigação sobre o impacto das alterações de temperatura em espécies aquáticas individuais, limites absolutos para a gama de temperaturas aceitáveis nas descargas e recomendações específicas para diferentes contextos sobre o impacto das descargas tanto na temperatura instantânea como na média semanal do corpo de água recetor. O ponto essencial é reconhecer que os ecossistemas aquáticos são sensíveis a alterações de temperatura e, por isso, a água deve ser descarregada à mesma temperatura, ou o mais próximo possível, da do corpo de água recetor.
Como a água é frequentemente utilizada como dissipador térmico em processos industriais, as empresas devem também considerar o potencial impacto nos ecossistemas ao descarregar calor diretamente em corpos de água — por exemplo, ao utilizar um tubo para arrefecer os conteúdos industriais, descarregando calor num corpo de água vizinho, mesmo sem captar nem descarregar água diretamente. Neste sentido, este objetivo sobrepõe-se ligeiramente ao objetivo As operações não invadem ecossistemas nem comunidades, devendo ser aplicadas as mesmas orientações em ambos os casos.
Em casos raros, se a investigação de uma empresa sobre os corpos de água recetores indicar que não deve seguir as orientações estabelecidas nos Water Quality Criteria da EPA referidos acima, a empresa deve documentar devidamente o seu raciocínio, apresentando evidência que justifique a adoção de uma abordagem diferente.
Critérios de avaliação
As secções seguintes explicam os critérios de avaliação aplicáveis ao consumo e à descarga de água.
Critérios de avaliação: consumo de água
Para atingir a sustentabilidade Future-Fit, a empresa deve eliminar qualquer contribuição para o stress hídrico de uma fonte de água potável sob pressão, resultante das suas atividades comerciais ou industriais. Isto pode ser alcançado de uma das seguintes formas:
- Reduções absolutas no consumo de água;
- Alteração do momento ou da origem do consumo de água para um período ou local que não esteja sob stress hídrico; ou
- Compensação do consumo comercial ou industrial de água dessa fonte através de projetos locais de compensação adequados.40
Importa salientar que, se uma empresa alterar o local ou o momento do seu consumo de água, deve avaliar se essa alteração poderá ter impacto no estado futuro da fonte de água. Por exemplo, se uma empresa, a operar numa região com stress hídrico sazonal, decidir transferir todo o consumo para os meses sem stress hídrico, para alcançar a sustentabilidade Future-Fit, deve determinar se essa decisão poderá ter um impacto negativo na estabilidade futura da fonte de água.
Critérios de avaliação: descarga de água
Para alcançar a sustentabilidade Future-Fit, a empresa deve:
- Verificar que toda a água descarregada é comprovadamente tratada e devolvida com características de descarga seguras antes de ser libertada de novo na natureza. Todas as descargas de água devem ser incluídas, quer a empresa as classifique como descarga, efluente ou águas residuais, quer a descarga seja feita diretamente pela empresa ou gerida e posteriormente libertada por terceiros.
3. Avaliação
3.1 Indicadores de progresso
O objetivo dos indicadores de progresso Future-Fit é refletir o grau de evolução de uma empresa no cumprimento de um determinado objetivo. Estes indicadores são expressos em percentagens simples.
Deve procurar-se avaliar a sustentabilidade Future-Fit da empresa em toda a extensão das suas atividades. Em algumas situações, tal pode não ser possível. Nestes casos, deve ser consultada a secção Avaliação e reporte com dados incompletos no Guia de Implementação.
Avaliação do progresso
Este objetivo tem dois indicadores de progresso: um para o consumo de água e outro para as descargas.
Consumo de água devido a processos comerciais e industriais
Para calcular o progresso relativamente ao consumo de água, são necessários os seguintes passos:
- Identificar cada fonte de água utilizada pela empresa e avaliar se a bacia hidrográfica correspondente se encontra sob stress hídrico.
- Determinar o volume total de água consumido por processos comerciais e industriais durante o período de reporte.41
- Determinar o volume de água comercial e industrial consumido a partir de fontes que tenham sido verificadas como não estando sob stress hídrico.
O progresso da empresa é calculado como a percentagem do consumo de água comercial e industrial que não foi captado de fontes sob stress hídrico.
Isto pode ser expresso matematicamente da seguinte forma:
\[F=\frac{W_C}{W_{CT}}\]
Onde:
| \[F\] | é o progresso rumo à sustentabilidade Future-Fit, expresso em percentagem. |
| \[W_C\] | é o volume de água consumida por processos comerciais e industriais proveniente de fontes que não estão sob stress hídrico. |
| \[W_{CT}\] | é o volume total de água consumida por processos comerciais e industriais durante o período de reporte. |
Para um exemplo de como calcular este indicador de progresso, ver aqui.
Descarga de água
Para calcular o progresso relativamente às descargas de água, são necessários os seguintes passos:
- Identificar todas as descargas de água e avaliá-las com base nas características de descarga segura.
- Determinar o volume total de água descarregada durante o período de reporte.42
- Determinar o volume de água descarregada com características consideradas seguras.
O progresso é calculado como a percentagem das águas residuais descarregadas que cumprem os critérios de sustentabilidade Future-Fit.
Isto pode ser expresso matematicamente da seguinte forma:
\[F=\frac{W_D}{W_{DT}}\]
Onde:
| \[F\] | é o progresso rumo à sustentabilidade Future-Fit, expresso em percentagem |
| \[W_D\] | é o volume de água descarregada que cumpre os critérios de sustentabilidade Future-Fit (ou seja, que apresenta características de descarga segura). |
| \[W_{DT}\] | é o volume total de água descarregada durante o período de reporte. |
Para um exemplo de como calcular este indicador de progresso, ver aqui.
3.2 Indicadores de contexto
O objetivo dos indicadores de contexto é fornecer às partes interessadas as informações adicionais necessárias para interpretar de forma completa o progresso de uma empresa.
Consumo e descarga absolutos de água
Como complemento aos indicadores de progresso, a empresa deve também reportar a seguinte informação:
- Volume total de água consumida por processos comerciais e industriais durante o período de reporte, em zonas que não se encontram sob stress hídrico.
- Volume total de água consumida por processos comerciais e industriais durante o período de reporte, em zonas com stress hídrico.
- Volume total de água descarregada durante o período de reporte.
- Breve explicação descritiva dos métodos de estimativa utilizados para determinar o consumo de água pessoal dos trabalhadores.
Os volumes de captação e descarga de água durante o período de reporte são necessários para determinar a sustentabilidade Future-Fit da empresa e, por isso, não exigem recolha adicional de dados.
Para um exemplo de como reportar os indicadores de contexto, consultar here.
4. Verificação
4.1 Para que serve a verificação e porque é importante
Qualquer empresa que esteja a trilhar o caminho da sustentabilidade Future-Fit incutirá mais confiança entre as suas partes interessadas - desde a administração de topo (CEO, CFO) até a investidores externos - se conseguir demonstrar a qualidade dos seus dados e a robustez dos controlos que os sustentam.
Isto é particularmente importante se a empresa pretender comunicar publicamente o seu progresso rumo à sustentabilidade Future-Fit, uma vez que algumas organizações podem exigir uma verificação independente antes da divulgação pública. Ao implementar controlos eficazes e bem documentados, a empresa facilita a compreensão do seu funcionamento por parte de auditores ou avaliadores externos, apoiando a sua capacidade de prestar garantia e/ou recomendar melhorias.
4.2 Recomendações para este objetivo
Os pontos seguintes destacam áreas que merecem especial atenção relativamente a este objetivo específico. Cada empresa e cada período de reporte são únicos, pelo que os processos de verificação e garantia variam: em qualquer situação, os auditores podem procurar avaliar diferentes controlos e evidências documentadas. Por conseguinte, estas recomendações devem ser entendidas como exemplos ilustrativos do que poderá ser solicitado, e não como uma lista exaustiva do que será exigido.
- Documentar os métodos utilizados para garantir que a empresa identificou todas as fontes de água de que depende. Esta informação pode ajudar os auditores a avaliar se a abordagem da empresa corre o risco de omitir algum consumo de água em zonas sob stress hídrico, o que poderia comprometer o cálculo do indicador.
- Documentar os passos equivalentes utilizados para garantir que a empresa identificou todos os seus pontos de descarga de água. Esta informação pode ajudar os auditores a avaliar se a abordagem da empresa corre o risco de não identificar descargas de água.
- Documentar os métodos utilizados para determinar se as fontes de água se situam em zonas com stress hídrico, e conservar as notas de trabalho dessas avaliações. Os verificadores poderão avaliar a metodologia utilizada, para confirmar se a empresa abordou de forma adequada o risco de captar água inadvertidamente em regiões sob pressão.
- Documentar o método utilizado para calcular o consumo pessoal de água pelos colaboradores. Os detalhes dos cálculos — incluindo quaisquer orientações de fontes externas referenciadas — devem ser conservados, para que os auditores possam confirmar a razoabilidade das estimativas.
Para uma explicação mais geral sobre como conceber e documentar controlos internos, consultar a secção Rumo à sustentabilidade Future-Fit de forma sistemática no Guia de Implementação.
5. Informação adicional
5.1 Exemplo
Consumo de água por processos comerciais e industriais
A ACME Inc. vende produtos de limonada. As suas operações consistem em dois locais: uma fábrica de engarrafamento e um espaço de escritórios. O escritório consome um total de 500.000 litros de água por ano, fornecidos por uma empresa de serviços públicos que capta água de um rio localizado numa zona com abundância hídrica. O escritório tem 50 colaboradores e, com base na orientação de uma ONG regional, a empresa estima que estes consomem 380.000 L ao longo do ano. Assim, o escritório utiliza 120.000 L para processos comerciais e industriais.
A fábrica de engarrafamento da ACME está localizada numa região com stress hídrico. Capta 5.000.000 L por ano diretamente de uma fonte local e complementa as suas necessidades com 5.000.000 L adicionais abastecidos por um fornecedor de uma zona com abundância de água. A fábrica tem 200 colaboradores, que se estima consumirem 1.600.000 L de água ao longo do ano. Assim, a fábrica calcula o seu consumo para fins comerciais e industriais em 8.400.000 L, sendo este volume captado em partes iguais (4.200.000 L) de regiões sob stress hídrico e de regiões sem stress.
A ACME decide ainda compensar localmente 100.000 L de água através de um sistema de recolha de águas pluviais na fábrica de engarrafamento.
A empresa calcula o seu progresso da seguinte forma:
\[F=\frac{W_C}{W_{CT}}=\frac{120,000+4,200,000}{120,000+4,200,000+4,100,000}=\frac{4,320,000}{9,500,000}\approx51\%\]
Indicadores de contexto
- Volume total de água consumida por processos comerciais e industriais durante o período de reporte, em zonas sem stress hídrico: : 4.320.000 L
- Volume total de água consumida por processos comerciais e industriais durante o período de reporte, em zonas com stress hídrico: 4.100.000 L
- Consumo de água pelos colaboradores: “A ACME calcula o consumo de água pelos colaboradores como sendo de 380.000 L e 1.600.000 L por ano, respetivamente no escritório e na fábrica de engarrafamento, com base na orientação fornecida pela The Example Foundation, uma entidade local de referência em matéria de uso da água e escassez hídrica”.
Descarga de água
A ACME Inc. colabora com a empresa gestora do edifício onde arrenda o escritório e determina que é responsável pela descarga de 10.000 L de água utilizada num sistema de aquecimento, sendo toda esta água tratada pela empresa municipal de abastecimento, segundo um padrão considerado adequado.
Na fábrica de engarrafamento, a maior parte da água utilizada integra-se nas bebidas engarrafadas (e, por isso, está incluída no volume “consumido” referido anteriormente), uma parte é consumida pelos colaboradores também já incluída acima, e o restante é utilizado, tratado e descarregado. O volume descarregado anualmente é de 350.000 L. Desse volume descarregado, a maioria (305.000 L) cumpriu os critérios de descarga segura, mas 45.000 L foram descarregados a uma temperatura fora do intervalo aceitável, durante um período em que o sistema de arrefecimento da empresa não estava a funcionar corretamente.
A empresa calcula o seu progresso da seguinte forma:
\[F=\frac{W_D}{W_{DT}}=\frac{10,000+305,000}{10,000+350,000}=\frac{315,000}{360,000}=88\%\]
Indicador de contexto
Volume total de água descarregada: 360.000 L
5.2 Ligações úteis
Alliance for Water Stewardship
A Alliance for Water Stewardship Standard é um referencial harmonizado a nível global que define um conjunto de critérios, indicadores e etapas para a gestão responsável da água, promovendo a melhoria continua ao nível da bacia hidrográfica.
The Global Environmental Management Initiative
A GEMI disponibiliza uma ferramenta online gratuita que descreve as etapas para realizar uma avaliação do uso da água à escala de cada instalação.
The Water Footprint Network
A Water Footprint Network desenvolveu a The Global Water Footprint Standard, uma metodologia internacionalmente reconhecida para a realização de uma Avaliação da Pegada Hídrica. [45]
UN Global Compact’s CEO Water Mandate
The CEO Water Mandate é uma iniciativa da UN Global Compact. Disponibiliza uma variedade de ferramentas e informações, que vão desde argumentos de negócio até orientações detalhadas sobre contabilização da água, incluindo estudos de caso de empresas que implementaram com sucesso uma vasta gama de projetos de gestão da água. A organização também oferece orientações e ferramentas online para ajudar as empresas a identificar bacias hidrográficas sob stress hídrico e áreas de elevado risco.
A CEO Water Mandate criou ainda um espaço online destinado a organizações que procuram parceiros para desenvolver projetos relacionados com a água em diferentes regiões: o Water Action Hub.
WRI’s AqueDuct
A escassez de água é uma das questões mais marcantes do século XXI. No seu relatório Global Risks 2013, o Fórum Económico Mundial identificou as crises no abastecimento de água como um dos riscos mais impactantes e prováveis para o planeta. Com o apoio de um grupo diversificado de parceiros, o World Resources Institute desenvolveu o Aqueduct para ajudar empresas, investidores, governos e comunidades a compreender melhor onde e como os riscos hídricos estão a emergir em todo o mundo. O elemento central do Aqueduct é o Water Risk Atlas. Esta ferramenta utiliza uma metodologia rigorosa, revista por pares, e os melhores dados disponíveis para criar mapas globais de risco hídrico com elevada resolução, personalizáveis.
WWF’s Water Risk Filter
Lançado em 2012, o Water Risk Filter tornou-se numa das ferramentas de referência para apoiar empresas de todo o mundo na avaliação dos seus riscos hídricos. Concebido para ser fácil de utilizar por pessoas sem conhecimentos técnicos aprofundados sobre água, é a única ferramenta que avalia simultaneamente o risco hídrico ao nível da bacia hidrográfica e das operações, oferecendo orientações personalizadas sobre como responder.
Cobrindo todos os setores e países, já foi utilizado para avaliar mais de 200.000 locais por mais de 3.000 utilizadores.
5.3 Perguntas frequentes
Porque é que os critérios de sustentabilidade estão focados no consumo em regiões com stress hídrico?
O objetivo exige que a empresa elimine o consumo de água nos seus processos comerciais e industriais em qualquer região atualmente sob stress hídrico, de forma a garantir que não compromete o progresso rumo a um futuro em que nenhum ecossistema ou comunidade sofra com a falta de acesso à água.
Quando o equilíbrio entre oferta, procura e acessibilidade é suficiente para que uma região não seja considerada como estando sob stress, o consumo de água (desde que não interfira com ecossistemas aquáticos) não é, por si só, considerado problemático.
Isto não significa que as empresas devam simplesmente “deixar a torneira aberta” se operarem em zonas com abundância de água. Dada a complexidade dos sistemas hídricos e a forma como comunidades e ecossistemas deles dependem, as empresas são incentivadas a adotar uma abordagem de gestão responsável da água - uma abordagem holística para compreender e gerir o impacto e a relação da organização com a utilização da água.
Quando podem ser usadas compensações hídricas para alcançar a sustentabilidade Future-Fit?
A compensação deve, em geral, ser considerada como último recurso, uma vez que implica sempre um compromisso em termos de tempo, localização ou tipo de ação. No momento da redação deste guia, não existe um consenso amplamente reconhecido sobre como determinar se um projeto de compensação é suficientemente eficaz. Para efeitos deste objetivo, um projeto de compensação hídrica só é considerado adequado se ocorrer na mesma bacia hidrográfica e no mesmo mês em que ocorre o consumo de água da empresa.
Exemplos de compensações que podem ser apropriadas incluem: reduzir o consumo de outros utilizadores na mesma bacia hidrográfica, ou captar água para reabastecer essa mesma bacia. Se uma empresa utilizar compensações hídricas, deve documentar a abordagem adotada para verificar a sua eficácia.
Qual é a diferença entre descarga de água e emissões líquidas?
O objetivo BE02: A utilização da água é ambientalmente responsável e socialmente equitativa foca-se na descarga de água (muitas vezes designada por águas residuais) que pode ser devolvida com segurança às bacias hidrográficas, desde que devidamente tratada. O tratamento pode ser realizado pela própria empresa ou através de infraestruturas de tratamento de águas residuais geridas por terceiros. Por contraste, o objetivo BE05: As emissões operacionais não causam danos a pessoas nem ao ambiente abrange substâncias líquidas que são, em si mesmas, contaminantes — seja do ar, do solo ou da água. Emissões líquidas que possam escapar para o ambiente — intencionalmente ou por acidente — e que não possam ser reconvertidas em água, devem ser eliminadas. A diferença entre águas residuais e emissões líquidas é subtil, mas o objetivo é o mesmo: neutralizar o impacto. Em última análise, o mais importante é que as empresas registem dados e avaliem o progresso de forma consistente ao longo do tempo.
Bibliografia
Isto não significa que uma empresa deva “deixar a torneira aberta” se estiver localizada numa zona com abundância de água. A empresa deve esforçar-se por ser uma boa gestora dos recursos hídricos – ver a secção de Definições para a explicação de gestão responsável da água’.↩︎
Nota: isto abrange todos os tipos de descarga que possam ser classificados como descarga de água, efluente ou águas residuais.↩︎
Estas perguntas foram elaboradas com base nas orientações do CEO Water Mandate e na norma Alliance for Water Stewardship.↩︎
Nota: embora as emissões líquidas (não aquosas) e os desperdícios líquidos operacionais estejam cobertos por outros objetivos, devem ser considerados em paralelo, pois a forma como são gerados e tratados pode sobrepor-se. Ver a secção Objetivos relacionados para mais informações.↩︎
Ver a orientação fornecida sobre a distinção entre captação e consumo de água.↩︎
Esta é uma das oito Propriedades de uma Sociedade Future-Fit – para mais detalhes, ver o Guia de Metodologia.↩︎
Nota: estes trabalhadores necessitariam de consumir água para uso pessoal mesmo que não estivessem no local de trabalho. Embora o consumo pessoal de água não esteja incluído no cálculo do Indicador de Progresso, as empresas são incentivadas a melhorar a eficiência desse consumo sempre que possível.↩︎
Em algumas regiões, a água é obtida principalmente de aquíferos subterrâneos; noutras, provém maioritariamente de fontes superficiais, como lagos ou rios.↩︎
Nota: os “volumes totais de captação de água” não dizem respeito apenas à captação realizada pela própria empresa, mas sim ao volume total de água removido da fonte.↩︎
Ver, por exemplo, a ferramenta Water Stewardship Toolbox do CEO Water Mandate.↩︎
Isto reflete a linguagem da Alliance for Water Stewardship, que exige que a empresa tenha “dados apropriados e medidos de forma credível que representem o estado físico, químico e biológico do efluente de água, direto ou subcontratado, com uma unidade de tempo relevante.” [42]↩︎
Nota: as orientações constantes destas listas sobre concentrações de substâncias químicas em águas descarregadas são coerentes com as especificadas no objetivo Os produtos não causam dano a pessoas nem ao ambiente. As dimensões adicionais aqui incluídas são temperatura, pH e os efeitos de aspetos à partida benignos (como o momento da descarga, a transparência da água ou matéria orgânica que possa afetar os níveis de oxigénio) sobre os sistemas biológicos.↩︎
Esta é uma exigência específica da Alliance for Water Stewardship, que afirma: “quando a identificação dos principais parâmetros de qualidade da água não está especificada em requisitos legais ou mandatos, cabe em grande parte ao local decidir, sendo os stakeholders locais os árbitros. O envolvimento dos stakeholders é crucial neste aspeto. Esta abordagem garante que os problemas locais de qualidade da água possam ser considerados, assegurando ao mesmo tempo algum nível de supervisão.” [42]↩︎
Por exemplo, em corpos de água afetados por florações de algas nocivas, devido ao excesso de nutrientes de origem humana, as empresas devem garantir que a sua descarga é tratada de forma a reduzir os níveis de azoto ou fósforo. [42]↩︎
A orientação sobre temperatura encontra-se num documento separado (hiperligado no texto), referenciado no corpo principal das orientações da EPA.↩︎
A compensação deve, em geral, ser considerada como último recurso, pois implica sempre um compromisso em termos de tempo, localização ou tipo de ação. Para minimizar esses compromissos, os projetos de compensação devem ocorrer no mesmo local e no mesmo período do consumo original. A abordagem usada para verificar a eficácia dessas compensações deve ser documentada. Para mais informações sobre projetos de compensação, ver esta pergunta frequente.↩︎
Isto deve também incluir água proveniente de fontes que ainda não tenham sido avaliadas e que, por isso, não possam ser verificadas como cumprindo todos os critérios de sustentabilidade.↩︎
Isto deve também incluir quaisquer descargas que ainda não tenham sido avaliadas e que, por isso, não possam ser verificadas como cumprindo todos os critérios de sustentabilidade.↩︎