4. Para onde precisamos de ir: uma Sociedade Future-Fit

E tudo o que eu peço é um grande navio e uma estrela que o oriente.

John Masefield

4.1 Começar com o fim em mente

Para onde devemos todos apontar?

No capítulo anterior, olhámos o mundo através de uma lente sistémica para compreender onde a humanidade se encontra atualmente, como chegámos aqui e o que tem de mudar. Também percebemos que a sociedade pode ser vista como uma rede multinível de sistemas sociais interdependentes.

Para ultrapassarmos os desafios globais que enfrentamos (Figura 3.6), todos os sistemas sociais devem agir tendo em vista o bem comum e operar em simbiose com os sistemas naturais da Terra. Só assim será possível que a economia responda às necessidades da humanidade dentro dos limites do planeta. Para lá chegar, é necessária ação individual e coletiva. E, para que essa ação seja eficaz, precisamos de um destino comum que nos oriente:

Uma Sociedade Future-Fit protege a possibilidade de que os seres humanos – e toda a vida na Terra – possam florescer para sempre, sendo socialmente justa, economicamente inclusiva e ambientalmente restaurativa.4

Até aqui tudo bem, mas para orientar, reconhecer e recompensar os comportamentos corretos, precisamos de algo mais acionável.

Que resultados específicos devemos esforçar-nos por alcançar, para proteger a possibilidade de a humanidade prosperar? O que devemos fazer em relação ao uso da energia ou da água? Como devemos gerir os recursos naturais? E como devem ser tratadas as pessoas? Só quando conseguirmos responder a estas questões é que poderemos encontrar formas de indicar como - e em que medida - cada sistema social precisa de mudar, e identificar quem são os verdadeiros líderes desta transição.

Felizmente, mais de 25 anos de investigação deram-nos uma base sólida sobre a qual construir.

4.2 A exigência para a sociedade

Oito condições sistémicas apontam-nos para um futuro próspero.

A humanidade só pode esperar florescer se tivermos uma definição unificadora e operacional do que significa a sociedade “ser sustentável”, associada a uma abordagem sistemática para o planeamento e a ação para atingir esse estado.

Foi com esta consciência que, no início dos anos 1990, um grupo de cientistas deu início ao trabalho que viria a ser conhecido no meio académico como o Framework for Strategic Sustainable Development (FSSD) – ou, em português, Quadro para o Desenvolvimento Sustentável Estratégico (ver abaixo). Ao longo do último quarto de século, o FSSD tem sido continuamente aperfeiçoado, através de uma combinação de análise de dados empíricos, testes no mundo real e revisão académica pelos pares. No seu cerne estão oito condições do sistema que, em conjunto, identificam como a sociedade deve funcionar para salvaguardar o tecido social e os sistemas naturais de que depende o nosso futuro. Estas condições do sistema estão ilustradas na Figura 4.1. Podem ser consideradas como as “regras do jogo” às quais todos devemos aderir. Estas regras definem os padrões de comportamento ambiental e socialmente aceitáveis, no sentido de evitar impactos degenerativos.

Algumas destas regras têm aplicações fáceis de compreender. Por exemplo, depender de energia proveniente de combustíveis fósseis é um problema, se os gases com efeito de estufa causados pela sua combustão se libertarem para a atmosfera. Este resultado viola a primeira condição do sistema, porque contribui para o aumento sistemático na natureza das concentrações de substâncias extraídas da crosta terrestre.

O Quadro para o Desenvolvimento Sustentável Estratégico (FSSD)

Em 1989, o Dr. Karl-Henrik Robèrt liderou a criação do FSSD e também fundou a The Natural Step, uma organização sem fins lucrativos, cuja missão é promover e fomentar a utilização deste quadro em comunidades, empresas, cidades e até países.

O FSSD é composto por um modelo de cinco níveis, que - juntamente com o planeamento retrospetivo (backcasting) – serve tanto para definir o estado final desejado para a sociedade, como para facilitar o planeamento e a ação nesse sentido. As condições do sistema constituem o segundo dos cinco níveis. Nos textos académicos, estas condições do sistema são referidas como Princípios de Sustentabilidade, embora o termo “condições de sistema” seja mais utilizado no contexto empresarial. Para uma excelente visão académica do FSSD, consultar a referência. [14]

A equipa do Future-Fit expressa o seu profundo agradecimento a Karl-Henrik e à The Natural Step - em particular às equipas Canadiana e Sueca - sem cujo apoio inicial o Future-Fit Business Benchmark não existiria.

Figura 4.1: As oito condições do sistema que identificam o modo como a sociedade deve funcionar.

Estas condições do sistema servem de guia para a inovação radical.

A boa notícia é que as oito condições do sistema oferecem uma orientação clara sobre os objetivos a atingir. Embora definam o que não deve acontecer, isto deve ser visto como libertador e não limitativo: desde que não sejam violadas, tudo é possível. Assim, as condições do sistema promovem a inovação radical, ao ajudarem-nos a orientar para um futuro próspero, sem prescrever um caminho único ou soluções específicas.

Devemos evitar futuras violações das condições do sistema…

Atualmente, todos os sistemas sociais infringem rotineiramente uma ou mais destas condições sistémicas. Embora cada violação, isoladamente, possa ter um impacto relativamente pequeno - não mensurável à escala planetária ou social - os seus efeitos cumulativos tornam essas violações insustentáveis. Por conseguinte, estas condições do sistema representam o limiar mínimo (break-even) ambiental e social para a sociedade no seu todo.

… mas também temos de reverter os efeitos das infrações do passado.

Infelizmente, temos vindo a violar estas condições há demasiado tempo e de tantas formas, que agora temos de fazer mais do que apenas evitar novas violações: temos de encontrar formas de reverter os efeitos das violações já cometidas.

Do ponto de vista ambiental, isto implica restaurar ativamente a capacidade da Terra para satisfazer as necessidades da humanidade - por exemplo, regenerando habitats biodiversos e neutralizando os efeitos da poluição passada.

Numa perspetiva social, devemos superar os obstáculos estruturais à justiça social e inclusão económica, que continuam a deixar uma grande parte da população mundial sem capacidade ou oportunidade de viver uma vida plena.

4.3 Propriedades de uma Sociedade Future-Fit

Os resultados regenerativos que uma Sociedade Future-Fit deve alcançar.

No capítulo anterior, sintetizámos tudo o que sabemos sobre os contextos ambiental, social e económico, para identificar oito áreas de foco que abrangem a forma como qualquer sistema social pode impactar as pessoas ou o planeta, tanto positiva como negativamente.

Agora, ao analisar cada uma dessas áreas à luz das condições do sistema FSSD, podemos identificar um conjunto abrangente e temático de resultados regenerativos, que todos devemos procurar alcançar.

O Apêndice 1 resume como este mapeamento foi feito. Podemos considerar o resultado desta análise como as oito Propriedades de uma Sociedade Future-Fit (ver Figure 4.2), que passamos agora a descrever.

Figura 4.2: As sete propriedades centrais de uma Sociedade Future-Fit, mais uma oitava propriedade facilitadora, que identifica os fatores socioeconómicos necessários para tornar possíveis as restantes.

4.3.1 A energia é renovável e acessível a todos

Todas as atividades humanas - cultivar e cozinhar alimentos, aquecer e iluminar edifícios, transportar bens e pessoas – dependem de energia.

Atualmente, cerca de 80% da energia que consumimos mundialmente provém de recursos não renováveis, em especial de combustíveis fósseis. Quando queimados, estes combustíveis fósseis emitem dióxido de carbono (CO2), um dos principais responsáveis pelas alterações climáticas e pela acidificação dos oceanos.

A forma como extraímos os combustíveis fósseis também representa um problema. Técnicas como o fracking (fraturação hidráulica) ou a mineração a céu aberto causam enormes perturbações no ambiente.

Além disso, uma significativa parte da população mundial não tem acesso suficiente à energia para satisfazer as suas necessidades diárias. Estima-se que 20% da população mundial não tem acesso à eletricidade e que 2,7 mil milhões de pessoas não dispõem de energia limpa e segura para cozinhar.

Numa Sociedade Future-Fit, toda a energia provém de fontes renováveis - solar, eólica, geotérmica, entre outras - que apoiam um crescimento limpo e o desenvolvimento sustentável. E há energia suficiente disponível para todos, para que mesmo as comunidades mais remotas possam satisfazer as suas necessidades quotidianas.

4.3.2 A água é obtida de forma responsável e é acessível a todos

A água potável é essencial para a saúde humana, para beber, cultivar alimentos, cozinhar e garantir a higiene e o saneamento. Contudo, muitas pessoas ainda não têm acesso a água potável em quantidade suficiente para satisfazer estas necessidades básicas.

De facto, prevê-se que, em 2025, dois terços da população mundial vivam em condições de stress hídrico.

A utilização responsável da água é uma questão complexa e que deve ser abordada a nível local, pois as bacias hidrográficas podem ser afetadas por remoção excessiva de água, introdução de volumes adicionais, diferenças temporais entre as retiradas e as descargas e alterações na qualidade da água, ou em caraterísticas como a temperatura e o pH.

Em muitas regiões do mundo, estamos a consumir demasiada água doce e as águas residuais que devolvemos ao ambiente estão frequentemente poluídas.

Assim, estamos a reduzir tanto a quantidade como a qualidade da água disponível para as comunidades e os ecossistemas de que dependemos.

Numa Sociedade Future-Fit, toda a água é obtida de forma responsável e é acessível a todos. Não agravamos o stress hídrico e a qualidade de qualquer água devolvida à natureza é, pelo menos, igual à da água retirada. Além disso, água limpa e suficiente está disponível para todos, incluindo as comunidades mais remotas, para que possam satisfazer as suas necessidades diárias.

4.3.3 Os recursos naturais são geridos de forma a proteger as comunidades, os animais e os ecossistemas

A sociedade depende de uma vasta gama de recursos naturais. Estes incluem recursos não renováveis, como os metais e minerais extraídos, e recursos renováveis, como as culturas agrícolas e os solos que as sustentam, os animais, peixes e as florestas.

Atualmente, a maioria dos recursos naturais é gerida de forma inadequada: o sofrimento animal, a degradação dos solos e o abuso das comunidades locais são problemas generalizados. Estamos a utilizar os recursos renováveis a um ritmo 1,7 vezes superior ao da sua regeneração natural. Além disso, à medida que os recursos não renováveis mais acessíveis se vão esgotando, os métodos de extração tornam-se cada vez mais agressivos e disruptivos.

Assim, praticamente todos os bens de que dependemos - desde os alimentos aos telemóveis – baseiam-se em recursos naturais cuja produção prejudica o bem-estar das pessoas ou degrada o ambiente.

Numa Sociedade Future-Fit, os recursos naturais são geridos de forma a proteger as comunidades, os animais e os ecossistemas. As culturas são cultivadas em terras adequadas e de forma a preservar a saúde do solo. Os animais são criados ou caçados de forma a minimizar o sofrimento. Todos os recursos renováveis são geridos de forma a proteger a sua disponibilidade futura. E todos os recursos não renováveis são extraídos sem degradar os ecossistemas e as comunidades circundantes.

4.3.4 O ambiente está livre de poluição

Atualmente, quase todas as atividades económicas - obtenção de matérias-primas, fabrico e utilização de bens, transporte de coisas em todo o mundo - geram algum grau de poluição.

Já não há dúvidas de que o aumento sistemático da concentração de gases com efeito de estufa (GEE) na atmosfera está a contribuir para as alterações climáticas e para outros problemas, como a acidificação dos oceanos. Se quisermos evitar os impactos mais catastróficos do aquecimento global, todas as emissões de GEE resultantes da combustão de combustíveis fósseis e de outros processos humanos devem ser rapidamente eliminadas.

Muitos outros tipos de poluição prejudicam a saúde das pessoas e perturbam os ecossistemas naturais. Entre os exemplos contam-se os fertilizantes e pesticidas perigosos, os produtos químicos tóxicos e uma vasta gama de substâncias sintéticas que não se degradam de forma rápida e segura e que, por isso, se acumulam na natureza.

Numa Sociedade Future-Fit, o ambiente está livre de poluição. O ar é respirável e livre de substâncias nocivas, os solos são saudáveis e as águas estão limpas. Todas as emissões nocivas são evitadas e a sociedade esforça-se continuamente por reverter os danos causados pelos poluentes do passado, para restaurar a saúde ambiental.

4.3.5 Não existe desperdício

Atualmente, quase todas as cadeias de valor seguem uma abordagem linear do tipo extrair-produzir-descartar (take-make-waste). Em cada etapa, os nossos métodos de produção e consumo geram subprodutos materiais que, na sua maioria, são descartados como resíduos. Muitos materiais valiosos são incinerados ou depositados de forma inadequada, causando impactos negativos no ambiente.

A procura de recursos virgens pode ser reduzida se os materiais forem reaproveitados, em vez de descartados. O reaproveitamento também elimina os custos - financeiros, ambientais e humanos – associados à gestão de resíduos.

Numa Sociedade Future-Fit, não existe desperdício. A abordagem atual de extrair-produzir-descartar (take-make-waste) é substituída por uma lógica de emprestar-usar-devolver (borrow-use-return). Todos os subprodutos das atividades humanas — assim como os bens que atingem o fim da sua vida útil — são transformados para responder a outras necessidades, de formas que maximizam o seu valor de reutilização.

4.3.6 A nossa presença física protege a saúde dos ecossistemas e das comunidades

A crescente procura de terras - bem como atividades como a pesca e a exploração mineira - invadem a natureza e conduziram à destruição de ecossistemas intocados, a danos em locais de importância cultural e à violação dos direitos das populações locais.

Consequentemente, muitos ecossistemas - desde florestas tropicais aos recifes de coral - estão à beira do colapso e a resiliência de muitas comunidades está seriamente ameaçada.

Numa Sociedade Future-Fit, a nossa presença física protege a saúde dos ecossistemas e das comunidades. As atividades humanas não invadem o mundo natural e a sociedade esforça-se ativamente por regenerar os ecossistemas danificados - e por restaurar os direitos da comunidade à terra, aos recursos e às áreas de importância cultural.

4.3.7 As pessoas têm capacidade e oportunidade de viver vidas plenas

A capacidade da sociedade para prosperar depende, em grande medida, do bem-estar das pessoas que dela fazem parte.

No entanto, atualmente, milhares de milhões de pessoas vivem em alguma forma de pobreza, sem acesso a serviços básicos ou oportunidades económicas. Além disso, as violações dos direitos humanos e a discriminação continuam a ser problemas generalizados.

Numa Sociedade Future-Fit, as pessoas têm a capacidade e a oportunidade viver vidas plenas. Isto significa que têm acesso garantido às necessidades básicas - nutrição, educação, cuidados de saúde, etc. - ao mesmo tempo que são livres de satisfazer necessidades mais elevadas - como um sentido de significado, pertença e criatividade.

4.3.8 As normas sociais, a governação global e o crescimento económico impulsionam a transição para a sustentabilidade Future-Fit

As sete propriedades anteriores de uma Sociedade Future-Fit descrevem os resultados concretos que essa sociedade deve alcançar. Em contrapartida, esta oitava propriedade tem a ver com a criação das condições que permitirão esses resultados.

As normas sociais, a governação global e a forma como procuramos o crescimento económico são os principais fatores que determinam os comportamentos de todos os sistemas sociais. Atualmente, esses fatores estão desalinhados, pelo que continuamos a seguir as mesmas trajetórias de rutura que nos conduziram aos problemas existenciais que agora enfrentamos.

Há exemplos inspiradores de tecnologias disruptivas e modelos de negócio inovadores por todo o mundo. Mas, enquanto a sociedade não começar a valorizar e a favorecer ativamente estes esforços, poderá ser impossível replicar o seu sucesso à escala e velocidade necessárias.

Numa Sociedade Future-Fit, as normas sociais, a governação global e o crescimento económico impulsionam a transição para a sustentabilidade Future-Fit. O progresso rápido e radical deixa de ser a exceção e passa a ser a regra, porque a sociedade reconhece e recompensa as ações que nos aproximam de um futuro regenerativo, justo e inclusivo.

4.4 O papel de cada sistema social

Uma Sociedade Future-Fit está ao nosso alcance — se trabalharmos juntos.

As Propriedades de uma Sociedade Future-Fit oferecem-nos um destino partilhado para o qual devemos caminhar. Mas como pode um sistema social saber se está a contribuir para esse progresso coletivo — ou, pelo contrário, a dificultá-lo? Para responder a esta questão, podemos começar por considerar a totalidade dos impactos que qualquer sistema social pode ter, analisando-os ao longo de duas dimensões independentes, como mostra a Figura 4.3..

Os impactos de um sistema social podem ser positivos ou negativos.

Os impactos positivos são aqueles que ajudam a alinhar a sociedade com as propriedades desejadas e, assim, contribuem para a sustentabilidade Future-Fit. Os impactos negativos são aqueles que nos atrasam.

Os impactos de um sistema social podem ser diretos ou indiretos.

Todos os sistemas sociais dependem das atividades de outros - por exemplo, para lhes fornecer bens e serviços essenciais - e essas atividades podem conduzir a uma vasta gama de impactos, tanto bons como maus.

Um sistema social não pode eximir-se da responsabilidade por esses impactos se o seu próprio sucesso depender dessas atividades. Chamamos a esses impactos indiretos, em contraste com os impactos diretos, que decorrem das suas próprias ações.

Importa ainda distinguir dois níveis de responsabilidade em jogo: um sistema social pode controlar as suas próprias ações - e, por isso, é totalmente responsável pelos seus impactos diretos; já em relação aos impactos indiretos, pode apenas influenciar o comportamento dos outros.

Figura 4.3: Os impactos de um sistema social podem ser analisados em duas dimensões: positivos vs. negativos e diretos vs. indiretos.

O ponto de equilíbrio para a performance extra-financeira.

Como vimos no contexto económico, o nosso sistema económico evoluiu para tratar o retorno financeiro e a criação de valor como uma e a mesma coisa. A transição para uma Sociedade Future-Fit exige uma abordagem mais holística: em que todos os sistemas sociais se esforçam por criar valor para o sistema, afetando positivamente as três dimensões do Triple Bottom Line – Pessoas, Planeta e Prosperidade.

Isto levanta a questão: qual é o mínimo que qualquer sistema social deve fazer para se manter viável? Na dimensão financeira, a resposta sempre foi clara: qualquer empresa, investidor, cidade ou outro agente económico deve, pelo menos, ser capaz de cobrir os seus custos operacionais. Qualquer excedente (ou “lucro”, na linguagem empresarial) é bem-vindo, mas o requisito mínimo é atingir o ponto de equilíbrio (break-even).

Para orientar eficazmente a criação de valor do sistema, é essencial definir com clareza o que significa atingir o ponto de equilíbrio nas dimensões social e ambiental do Triple Bottom Line. Trata-se de determinar o que qualquer sistema social deve fazer obrigatoriamente - e o que pode fazer além disso - para apoiar a nossa transição coletiva rumo à sustentabilidade Future-Fit.

O que todos os sistemas sociais devem fazer.

Qualquer sistema social deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para eliminar os impactos negativos que ocorrem em resultado da sua existência.

Isto implica duas ações fundamentais: modificar as suas próprias atividades, para se alinharem com as condições do sistema FSSD (Figura 4.1); e evitar qualquer dependência de outros que não estejam igualmente comprometidos com esse alinhamento.

Ao fazê-lo, cada sistema social assegura que não atrasa o progresso da sociedade rumo à sustentabilidade. É o que representa o quadrante inferior esquerdo da Figura 4.3.

O que qualquer sistema social pode fazer.

Além disso, um sistema social pode optar por acelerar ativamente o progresso da sociedade, ajudando outros a evitar causar impactos negativos, gerando diretamente impactos positivos ou amplificando impactos positivos gerados por terceiros. Estas ações estão representadas nos outros três quadrantes da Figura 4.3..

Seguir a sustentabilidade Future-Fit de uma forma holística.

Qualquer sistema social pode utilizar este enquadramento para explorar a sua contribuição global, positiva ou negativa, para a concretização das Propriedades de uma Sociedade Future-Fit. Por exemplo, o que é que uma cidade pode e deve fazer para garantir que a energia é renovável e está disponível para todos? E o que é que um agregado familiar pode e deve fazer para garantir que o desperdício não existe?

Se todos os sistemas sociais aplicarem esta abordagem, para trabalharem individualmente e em conjunto na procura da sustentabilidade Future-Fit, os ODS - e tudo o que eles representam - estarão verdadeiramente ao nosso alcance (ver Figura 4.4).

Figure 4.4: Atingir os ODS é um passo no caminho para uma Sociedade Future-Fit.

Bibliografia

[5]
M. E. Porter and M. R. Kramer, “Creating shared value,” Harvard Business Review, vol. 89, pp. 62–77, 2011.
[14]
G. I. Broman and K.-H. Robert, “A framework for strategic sustainable development,” Journal of Cleaner Production, vol. 140, pp. 17–31, 2017.

  1. Esta formulação reflete a definição de sustentabilidade de John Ehrenfeld como a possibilidade de os seres humanos e outras formas de vida florescerem na Terra para sempre. [5]↩︎